A maternidade como impulsionadora da minha carreira

Durante muitos anos eu me defini como uma pessoa extremamente organizada e planejada. A estruturação das coisas com um toque de perfeição foi a base para toda construção na minha vida.

E não foi diferente com o meu grande desejo: eu que sempre quis ser mãe, planejei as minhas duas gestações de acordo com o meu funcionamento estruturado: li todos os livros possíveis, conversei com os especialistas, me alimentei bem e executei todos os exercícios físicos para me preparar para esse momento tão sonhado.

As lições começaram cedo: desde o parto meus pequenos já deram indício de que o planejamento e a organização não funcionam em todos os casos e, por mais que você pense em tudo, não dá para controlar e saber de tudo.  

Na gestação da Giovana entrei em trabalho de parto no meio do Carnaval (imaginem a emoção!) e na do Gabriel ajustei tudo para não ter as mesmas questões, planejei e previ todas as possibilidades. Só não contava com o fato dele querer nascer antes! Entrei em trabalho de parto dentro do escritório e ele nasceu onde foi possível, ou seja, de nada adiantou todas as visitas a mil maternidades e o planejamento perfeito.

Após ser mãe de dois, posso afirmar: poucas coisas impulsionaram tanto o meu desenvolvimento e, por consequência, a minha carreira como a maternidade. Uma maternidade real, complexa, dolorida, insana e intensa que me tira diariamente da zona de conforto ao ter os meus maiores amores totalmente dependentes de mim.  

Eles fazem tudo contrário do meu planejamento tão certinho: brincam quando deveriam dormir, brigam quando deveriam brincar, não querem entrar no banho e quando entram não saem.

O maternar não se encaixa em nenhuma linha das minhas planilhas de Excel que sempre encontram as repostas corretas. A maternidade me trouxe o contato com o não perfeito e na minha imperfeição me potencializo ainda mais como ser humano.  

Na intensidade do amor materno misturado com as dores e dificuldades do dia a dia, aprendi a não me cobrar além do que eu posso oferecer e me desenvolvi em competências que antes pareciam lindas figurando nos melhores livros de liderança.

Sigo errando muito, mas buscando diariamente ser o melhor dentro das minhas possibilidades e imperfeições. Almejo não passar por cima dos meus limites para alcançar um pódio materno, profissional ou qualquer um desses que não me interessam.  

Em um mundo onde muitas mulheres ainda são discriminadas por serem mães, eu desejo, busco e trabalho para que as organizações sejam capazes de enxergar a potência que o maternar traz para as profissionais e tenham a sabedoria para apoiá-las nessa jornada.

Sou eternamente grata aos meus grandes mestres Gigi e Gabi e desejo que eu consiga devolver para eles o melhor de mim.