Como uma metodologia de apoio à decisão para auxiliar na seleção de projetos inovadores?

Como uma metodologia de apoio à decisão para auxiliar na seleção de projetos inovadores?

O mercado de seguros brasileiro tem vivenciado um período de forte transformação digital. Além da tecnologia, mudanças na regulação também tem permitido a ampliação da oferta de produtos e serviços, impulsionado as empresas a adotarem uma postura inovadora. No meio de tantas mudanças, os tomadores de decisão acabam se deparando com vários projetos relacionados a inovação, entretanto, os recursos são limitados. Nesse sentido, uma metodologia de apoio à decisão é uma excelente ferramenta para auxiliar empresas na seleção de um projeto inovador mais alinhado aos objetivos organizacionais propostos.

De forma geral, as decisões sobre projetos ocorrem através de sistemas muito formais e bem documentados. Cada empresa tem um método para determinar qual projeto ela irá investir, as decisões se baseiam em dados e informações históricas. Mas, quando se fala em projetos de inovação, raramente as empresas possuem dados claros para o processo de decisão. É nesse contexto que um sistema de tomada de decisão, que considere tanto dados quantitativos como qualitativos, se mostra necessário para auxiliar o(s) tomador(es) de decisão. 

O desenvolvimento da metodologia de apoio à decisão possui fundamentos na área de Pesquisa Operacional (PO) originada na Segunda Guerra Mundial, que tinha como objetivo fornecer ferramentas quantitativas para apoiar o processo de decisão. A metodologia evoluiu e diversas ferramentas foram desenvolvidas. Neste artigo será apresentada a Análise de Decisão Multricritério ou Multiple Criteria Decision Analysis (MCDA) que, através da Teoria de Valor Multiatributo (MAVT), permite auxiliar o tomador de decisão na seleção de projetos de inovação. 

Para análise de decisão envolvendo múltiplos critérios, como é o caso de um projeto de inovação, a modelagem matemática pode ser feita considerando um conjunto de projetos potenciais que serão avaliados no processo de tomada de decisão de acordo com uma medida criada para cada objetivo proposto. Esta medida pode ser chamada de performance, critério ou métrica. Neste caso, utilizaremos o termo critério, que deve ser rigorosamente construído, partindo do pressuposto de que há um número finito de critérios. 

Os critérios podem ser de dois tipos: quantitativo, quando os atributos são numéricos, e qualitativos, quando os atributos não são baseados em números, como por exemplo imagem da empresa, risco social ou qualidade. Uma pontuação (scoring) deverá ser atribuída a cada critério para que se possa quantificar o valor de cada alternativa em relação a cada critério.

Como os critérios não possuem todos o mesmo peso, precisa-se incorporar uma avaliação da importância relativa dos critérios. O peso que é atribuído a um critério é um fator de escala. Por exemplo, se um critério C1 tem um peso que é duas vezes mais importante que o critério C2, atribui-se um valor de 10 pontos ao critério ao critério C2 e então o critério C1 terá 20 pontos. Essa definição de peso é chamada de swing weight. Para atribuir valores aos pesos, o tomador de decisão deve avaliar o valor das oscilações (swing), pois os pesos são dependentes das escalas, como também, da importância que está intrínseca em cada critério.  

Após a determinação das alternativas, critérios e pesos, pode-se considerar que, para cada alternativa do conjunto de escolha, o tomador de decisão relacionou um ou mais critérios e essa relação poderá ser representada em uma matriz chamada de ‘matriz de decisão’ ou ‘tabela de performance’, onde cada alternativa do conjunto de escolha será identificada pelo símbolo aij, que expressa a avaliação da alternativa Ai relativa ao critério j. 


A avaliação das alternativas requer "preencher as caixas" na matriz, onde cada alternativa deve ser avaliada em relação a cada critério e o resultado da matriz será obtido através de uma função de valor dada por:


                                                


Onde wj é peso atribuído a cada critério e aij é utilidade de cada alternativa avaliada em cada critério.

Após a modelagem do problema e a aplicação da função de valor em cada projeto, será obtido o valor total de cada alternativa V(aij ). Os projetos deverão ser ordenados de forma decrescente em função dos seus respectivos valores para a identificação e escolha do melhor projeto, isto é, escolha do projeto que mostrou atender aos critérios e objetivos propostos.

Importante destacar que uma metodologia multicritério de apoio à decisão não tem como objetivo apresentar ao decisor ou decisores uma solução única para o seu problema e sim apoiar ou recomendar ações ou cursos de ações. O processo de análise de decisão é um processo interativo e sempre que se mostrar necessário, o decisor deverá retornar às etapas anteriores para redefinir o problema e identificar outras alternativas e critérios.   

Fonte: SILVA, Priscila Aguiar da; GOMES, Luiz Flávio Autran Monteiro. Multicriteria Evaluation of Innovation Projects in Services in the Brazilian Insurance Market: A Case Study. In: Financial Decision Aid Using Multiple Criteria. Springer, Cham, 2018. p. 175-196.    


Priscila Aguiar

Priscila Aguiar

No meio de tantas mudanças que o mercado segurador tem vivenciado, sejam tecnológicas ou regulatórias, como as empresas podem definir de forma eficaz o melhor ou mais apropriado projeto inovador a receber investimento? A Multiple Criteria Decision Analysis (MCDA) é uma excelente ferramenta para ser aplicada na seleção de projetos de inovação.


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