Uma médica no mercado de seguros

Uma sala com duas cadeiras e uma mesa. Este era o meu universo no consultório. Limitado? Nem um pouco. A cada consulta, uma nova pessoa entra pela porta, com sua trajetória, suas próprias vivências e passando por um momento único. Cada paciente que vem ao consultório é um universo a ser desbravado e compreendido, e o norteador dessa viagem que se inicia a partir de então, é o cuidado.  

A relação médico e paciente é constituída por história clínica, diagnóstico, tratamento, acompanhamento e a linha de chegada é sempre uma incógnita, mas o cuidado é o guia da jornada. A motivação em ajudar uma outra vida é a realização do médico, o que hoje aplico em outra área, com outras ferramentas, mas com o mesmo propósito: cuidar.  

A transição para o mercado de seguros foi desafiadora. Demanda dedicação e tempo para aprender um negócio repleto de particularidades, com seus termos e dinâmicas específicos. Mas após mais de dez anos imersa no mercado segurador, posso afirmar que o cuidado é o fio condutor que faz a engrenagem funcionar.   

Hoje tenho o privilégio de poder gerenciar um time em uma grande seguradora e aplicar inúmeros aprendizados que obtive em minha carreira na Medicina. Assim como um paciente que procura o médico, o segurado quando aciona o seu seguro, está passando por um momento de vulnerabilidade e com grande expectativa para seu atendimento.

Um dos papéis do médico, é escutar a história do seu paciente, para chegar ao diagnóstico. Uso a mesma lógica no mercado segurador, aplicando a vivência que tive no consultório, para escutar as necessidades do cliente, entender sua jornada e, a partir daí, buscar a melhor solução em seguro para atender às necessidades do segurado.

Outra coisa que me encanta na gestão é liderar equipes. Ser gestor é lidar com a diversidade de ter no seu time visões diferentes e aprender com isso, não apenas se colocando no papel de trazer soluções, mas estar aberto a ouvir, estimular respostas e aprender a se desenvolver com toda a equipe, em uma troca mútua de conhecimento e experiências.   

Ser médica sempre foi um sonho. Desde cedo, aos dois anos de idade, já demonstrava a vontade de seguir por este caminho, quando acompanhava meu pai, médico, em suas consultas e usava o estetoscópio para escutar os pacientes. O tempo passou, cresci, entrei na faculdade, me formei, atendi em meu consultório e hoje atuo em uma área diferente, mas sigo com o mesmo propósito: cuidar.

Após tantos anos, posso afirmar que a médica nunca sairá de dentro de mim, mas o tempo me ensinou que podemos ser muitas coisas, podemos ser tudo o que quisermos, desde que a gente tenha coragem, determinação e siga o coração.